Membros de uma família são suspeitos de coordenar uma organização criminosa que utilizava de forma fraudulenta créditos florestais usando laranjas para “lavar” madeira extraída de forma ilegal em Mato Grosso. Dois deles foram presos, durante a deflagração da Operação Hamadríade, nesta quinta-feira (21), em municípios da região norte do estado, além de Cuiabá e endereços ligados ao grupo em Santa Catarina.
Foram presos na operação, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial no combate ao Crime Organizado (Gaeco) os empresários e irmãos Michel Alex Crestani e Fernando Bruno Crestani, além dos engenheiros florestais Flávio Luiz Rosa da Silva, Wanderley Batista de Brito e Ricardo Gomes Martins. Eles teriam movimentado, irregularmente, cerca de 300 mil metros cúbicos de produtos florestais e geraram um dano aproximado de R$ 147,9 milhões aos cofres públicos.
Ao todo, foram cumpridos cinco mandados de prisão e outros 20 de busca e apreensão. Os alvos poderão responder pelos crimes de organização criminosa, lavagem de capitais, falsidade ideológica, uso de documento falso, receptação, transporte ilegal de produto florestal e crime contra a administração ambiental, cujas penas máximas somadas chegam a 28 anos.
De acordo com o pedido de prisão preventiva, deferido pela juíza Ana Cristina Silva Mendes, da Sétima Vara Criminal de Cuiabá, a organização criminosa era dividida em três núcleos, sendo eles um empresarial e de liderança, onde figuravam Fernando Crestani, Michel Crestani e Leonardo Crestani Júnior. Os três engenheiros presos faziam parte do núcleo de responsáveis técnicos.
Ao pedir a prisão preventiva dos cinco investigados, o Gaeco apontou que os alvos eram reincidentes e alguns deles já haviam figurado na Operação Terra a Vista, deflagrada em 2019. A organização criminosa ainda tinha em sua composição a esposa de Michel, Edybisa Storch Crestani, assim como Celeusa Storch e Walfredo Batista de Brito.
O Gaeco apontou que a família Crestani possuía a propriedade das fazendas Matrinchã e Matrinchã II. As terras possuíam plano de manejo aprovado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) em nome de José Rodrigues, que seria um laranja.
A manobra daria uma aparência de legalidade aos créditos, em tese, fraudulentos adquiridos pela organização criminosa. “Segundo os fatos narrados, os Representantes aduzem que a prática de maquiar a origem ilegal do produto florestal, fazendo uso em tese, de laranjas, com a atuação efetiva de engenheiros florestais e empresários, supostamente se configurou como meio de vida de diversas pessoas envolvida na Organização Criminosa, já identificados à época dos fatos apurados ainda na Operação “Terra à Vista”, ou seja, no ano de 2014”, diz trecho do pedido de prisão obtido pelo FOLHAMAX.
De acordo com o Gaeco, as empresas beneficiadas pelos créditos gerados fraudulentamente teriam sido criadas irregularmente, havendo indícios de que seriam empresas de fachada ou registradas em nome de laranjas. As investigações apontaram ainda que sete dessas empresas seriam classificadas como desativadas ou inexistentes.
“Na evolução das investigações, desvelou-se o suposto envolvimento direto dessas empresas no esquema, evidenciado tanto na inserção de créditos florestais fraudados, como também na transferência desses créditos ilegais para terceiros, situação que teria proporcionado aos envolvidos a “lavagem da madeira”. Nesse sentido, conforme relatório final apurou-se, um total de 2964 "transações comerciais", sendo que, daquelas 10 empresas, algumas estavam desativadas ou seriam inexistentes no período analisado”, aponta o pedido de prisão. Ao todo, o Gaeco cumpriu cinco mandados de prisão preventiva e outros 20 de busca e apreensão.
PRISÕES
MICHEL ALEX CRESTANI - Empresário
FERNANDO BRUNO CRESTANI - Empresário
FLÁVIO LUIZ ROSA DA SILVA - Engenheiro florestal
WANDERLEY BATISTA DE BRITO - Engenheiro florestal
RICARDO GOMES MARTINS - Engenheiro Florestal
BUSCA E APREENSÃO
MICHEL ALEX CRESTANI - Sinop
UZE MÓVEIS - Sinop
FERNANDO BRUNO CRESTANI - Palhoça (SC)
FERNANDO BRUNO CRESTANI - Sinop
FERNANDO BRUNO CRESTANI - Nova Monte Verde
FLÁVIO LUIZ ROSA DA SILVA - Alta Floresta
WANDERLEY BATISTA DE BRITO - Sinop
RICARDO GOMES MARTINS - Nova Monte Verde
EMPRESA MARLENE SIMON KEPPEL - Alta Floresta
EMPRESA A.L.A BORDIGNON - Nova Bandeirantes
EMPRESA RUAN MARQUES DA SILVA - Alta Floresta
EMPRESA F.R. Madeiras EIRELI - Nova Bandeirantes
JOSÉ RODRIGUES - Nova Bandeirantes
LEONARDO CRESTANI JÚNIOR - Cuiabá
MIRELE MATEUS APARECIDA DE MORAES - Alta Floresta
EMPRESA BRASIL FLORESTAL IND. E COMÉRCIO DE MADEIRAS - Nova Bandeirantes
WALFREDO BATISTA DE BRITO - Sinop
CELEUSA STORCH - Sinop
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